Curso de Leaders of Learning e Neurociência
Neste artigo pós curso em Harvard x, eu mostro um pouco do que eu aprendi sobre Neurociência, e explico por que um Scrum Master deve saber esses fundamentos.
A neurociência pode contribuir para compreender as potências do indivíduo. Podemos entender os aspectos do comportamento, que fazem com que as pessoas não consigam, por exemplo, lidar bem com as mudanças. Quando a gente estuda a neurociência, o pilar é justamente a potência de mudar.
Os conhecimentos adquiridos podem ser usados nas empresas para melhorar o ambiente de trabalho, para trabalhar liderança, gestão, cultura e até inovação. O pilar essencial do estudo da neurociência é a ampliação do autoconhecimento.
Fundamentos da Neurociência
Primeiramente, as funções cognitivas de baixo nível como: compreensão e lembrança, estão associadas ao Amygdala que é a área do cérebro responsável pela memória e consciência espacial. Pensamento do Sistema 1: rápido, automático, natural, associativo, implícito e emocional.
Por outro lado, as funções cognitivas de alto nível como criar, avaliar, analisar e aplicar, envolvem as áreas responsáveis pela tomada de decisões e motivação estão associadas ao Neocortex. Pensamento do Sistema 2: devagar e analítico.
Assim, para quem leu o livro Agilidade emocional de Susan David, está familiarizado com os 2 conceitos de tipo de pensamentos.
Definitivamente, processos de pensamento mais complexos, são mais benéficos para a aprendizagem, porque envolvem um maior número de conexões neurais e mais conversas neurológicas. O aprendizado ativo aproveita essa conversa cruzada, estimulando uma variedade de áreas do cérebro e promovendo a memória no Hippocampus.
Princípios fundamentais de aprendizagem do ponto de vista da Neurociência
Qualidade de vida
Sono adequado, nutrição e exercícios estimulam a aprendizagem robusta.
Neoplasticity
Significa mudança do cérebro, que é a capacidade ilimitada do cérebro para se tornar melhor em uma habilidade, um fundo de conhecimento. Saiba que você pode mudar seu cérebro. O gênio é mais que genes. Você pode ter o cérebro que você quer, é uma questão de fornecer a excitação para as partes do cérebro, que vai responder ficando mais forte. Para quem como eu leu o livro Mindset da Carol Deck, já sabe bem esse tópico.
Estresse
O estresse moderado é benéfico para o aprendizado, enquanto o estresse leve e extremo é prejudicial ao aprendizado.
Se você cria esse nível de estresse tóxico, seu cérebro orienta-se para a sobrevivência. Então você não pensa muito nas coisas, pois estará utilizando as áreas do cérebro que são destinadas apenas a tirá-lo desse ambiente. É a parte emocional que fala, o pensamento rápido. Você sai das funções de alto nível: Neocortex (criar, avaliar, analisar) e vai para a de baixo nível: Amygdala (emocional)
Tédio
Quando o assunto não é “interessante”, ou a informação não é “relevante” acontece o tédio. Por exemplo, quando há falta de escolha do lugar e forma de aprendizagem, o senso de confinamento é assustador. E isso ameaça a sensação de sobrevivência (RUIM). Então o cérebro fica em alerta máximo. O estresse aumenta. O cérebro inferior começa a estar no comando, ou seja, Amygdala onde acontece o pensamento rápido e emocional.
Neurociência: Como o cérebro melhor processa as Informações?
RAD
Sistema de ativação reticular, R. Filtro da atenção. É preciso entender que o cérebro é programado para dar atenção à novidade, a mudança, e ao que é diferente e curioso. Por que é no alerta para a sobrevivência que é BOM, que há a concentração ou, mais provavelmente, deixa entrar informações que tem a ver com a mudança em um ambiente imprevisível.
Amygdala, A. Fica na parte inferior do cérebro. O Stress tóxico prejudica o fluxo dessa informação para o córtex pré-frontal, onde ele precisa ir para se tornar memória. Quando o cérebro adquiriu o suficiente dessas falhas, a amígdala aprende a evitar até mesmo tentar, as coisas que tem sido frustrante porque quer salvar o cérebro algum esforço e energia. O cérebro fica melhor e melhor em mudar para o lugar reativo onde a aprendizagem não acontece.
Então, nós também sabemos coisas que facilitam a passagem através desta amígdala. Nós sabemos que tipo de experiências sistemáticas de aprendizado são mais propícios à expectativa de sucesso e liberação de dopamina.
Dopamina, D. É um neurotransmissor que o cérebro libera, em antecipação à recompensa ou de conseguir um desafio. E apostando nisso ao longo de experiências de aprendizado, facilita a memória, o envolvimento, a perseverança. Essa é uma coisa muito poderosa para os educadores saberem. O que podemos fazer que promove a liberação de dopamina e, portanto, a gratificação intrínseca para perseverar. Sobre esse tópico, quem leu o livro Motivação 3.0 entende a importância da motivação intrínseca..
Porque um Scrum Master tem que saber sobre Neurociência?
Trabalho para Mudança de Mindset
Imediatamente, o entendimento dos fundamentos da neurociência pode ajudar a melhorar nossa capacidade nesse aspecto.
Frequentemente as mudanças são propostas a partir da racionalização de processos. Enfim, precisamos entender que é necessário alterar os processos de mudança.
A estratégia de fazer as pessoas pensarem sobre a mudança é falho, pois a maior parte dos seus comportamentos são influenciados pelo emocional, lembra da Amygdala? Se você tem alguma coisa que precisa mudar, e não consegue, é por que é preciso desvendar o valor emocional que é dado a essa coisa. É preciso desmontar a emocionalidade que se tem sobre aquilo, e não a racionalidade.
Definitivamente, quem leu o livro sentido de urgência de John P. Kotter, deve lembrar que ele fala que os grandes líderes conquistam corações e mentes. E o coração em primeiro lugar, para converter quaisquer sentimentos, em um compromisso em relação a ação.
Logo, um exemplo clássico de líder: Steve Joabs, que com sua filosofia, paixão e modo de trabalho, estava e ainda está sempre presente nas mentes e corações de seus funcionários.
Resolução de Problemas e Inovação
De antemão, quem leu o livro Agilidade Emocional, vai lembrar que a Susan explica que os humanos adoram criar categorias mentais e depois encaixar nela: objetos, experiências e pessoas. As categorias as vezes são poderosas e precisas e podem ser ótimas, por exemplo: para investimentos.
Mais quando ficamos habituados a rígidas categorias pré-existentes, estamos usando o que os psicólogos chamam de compromisso cognitivo prematuro. Que é uma reação habitual e muitas vezes inflexíveis as idéias, coisas e pessoas, até mesmo a nós mesmos.
Por outro lado, quando fazemos julgamentos rápidos, normalmente superestimamos as informações disponíveis e sutilezas: Aqui estamos no pensamento do sistema 1, pois não estamos disponíveis para introspecção imediada. Aqui estamos carregados de peso emocional e somos regidos pelo Hábito: Amygdala.
O pensamento do sistema 2 são mais lentos e deliberativos. Requerem muito esforço e um nível maior e profundo de atenção. Então aqui somos mais flexíveis e receptivos.
Nós como Scrum Master no caso de necessidade de inovação e/ou resolução de problemas, temos que tirar as pessoas do pensamento do sistema 1 e levar para o pensamento do sistema 2.
O que aprendemos?
As pessoas normalmente compram: sejam as idéias ou as coisas, pelo emocional e depois justificam pelo racional! Então venda suas: idéias, mudanças, mindset, etc pelo emocional e depois, quando for necessário uma resolução de como realizar a idéia, ai sim leve as pessoas para o racional!
Em suma, o desafio é justamente conseguir levar as pessoas para o pensamento tipo 2 (Neocortex), por que tem um alto gasto de energia, e o nosso cérebro tende a ficar no pensamento tipo 1 para economizar energia para as funções básicas. Faça isso através de perguntas, use a técnica dos “5 Porquês” por exemplo.
Em síntese, é necessário capturar a atenção das pessoas, e para isso, deve-se fazer estímulos que acionem o alerta (Stress Moderado). Bons exemplos são: use o diferente, o curioso, facilitação Visual, mude o ambiente, etc. Isso explica o porque das abordagens de games e desenhos das Retrospectivas. Também explica as salas de descompressão com jogos e cores das empresas modernas.
Afinal, quando o estímulo aparenta uma ameaça (Stress Tóxico) como o tédio, dificilmente haverá captura da atenção, por que o instinto de sobrevivência (Amygdala) vai fazer as pessoas se defenderem e o resultado é a não atenção, a saída do local etc.
Informações sobre a autora: Jacqueline Viana é Scrum Master e apaixonada por agilidade.