Modern Agile é o novo manifesto ágil???

Em uma das minhas buscas por atualização eu encontrei o termo: Modern Agile, ou Métodos ágeis modernos, e eu fui pesquisar.

Primeiramente, Modern Agile foi introduzido por Joshua Kerievsky, ele é o fundador e CEO da Industrial Logic, uma consultoria pioneira em Programação Extrema/Lean.

Em suma, a definição, segundo o criador é: “Modern Agile é ultra-leve, o oposto do Manifesto Ágil, que está se afogando no emaranhado de ferramentas empresariais, estrutura de escala e certificados questionáveis, que produzem mais burocracia do que resultados.”

Antes de mais nada, na minha opinião, o Manifesto Ágil ainda é muito válido, pois, se analisarmos bem, iremos perceber que os valores são os mesmos: Pessoas, Entrega Frequente e Melhoria Contínua.

Definitivamente, um problema com o manifesto, é que ele se concentra em software. E hoje, maneiras ágeis de trabalhar, se espalharam para muitas outras linhas de negócios. Então nesse foco, para outras áreas de conhecimento, o Modern Agile atende.

Em síntese, vamos ao conceito, o Ágil Moderno não prescreve receitas, nenhum framework, nenhum processo, nada! Por outro lado, na verdade, o Modern Agile só define quatro princípios. Enfim, você consegue gerar suas próprias implementações dos princípios.

Então, diferente do Joshua Kerievsky em seu discurso no Agile 2016 Keynote, eu Jacqueline, acho que o Scrum se encaixa no Modern Agile. E mais, você pode usar os princípios do Modern Agile para verificar se o Scrum está implementado com as intenções corretas.

Segue figura com os quatro princípios:

Figura 1-  Fonte: http://modernagile.org/  

1 – Faça a Segurança um pré-requisito

Conceito:

“A segurança é tanto uma necessidade humana básica quanto uma chave para liberar o alto desempenho. Nós ativamente fazemos da segurança um pré-requisito, estabelecendo segurança antes de nos envolvermos em qualquer trabalho perigoso. Protegemos o tempo, a informação, a reputação, o dinheiro, a saúde e os relacionamentos das pessoas. E nos esforçamos para tornar nossas colaborações, produtos e serviços resilientes e seguros.”

Imediatamente, eu concordo quando o Joshua Kerievsky menciona, que o uso incorreto do Scrum ocasiona muitos problemas que fere o pré-requisito segurança e inviabilizam o mesmo de ser Modern Agile. Até por que, inviabilizava também o “old Agile”, exemplos:

  • Scrumfall: working Waterfall com um pacote Scrum
  • Stand-ups ineficazes
  • Mau uso de pontos de história e velocidade, como comparar times
  • Direcionamento de histórias entregues em vez de valor entregue
  • O Product Owner não ter o poder de decisão e a organização não respeitar isso.
  • Forçar a equipe de desenvolvimento a trabalhar a partir de um conjunto diferente de requisitos.
  • Dizer a equipe o como fazer.
  • Entre outros.

Dessa forma, isso tudo faz as equipes não se sentiram seguras para trabalhar, porque a gerência ou administração não respeita o framework.

Assim, a primeira coisa que o Scrum Master tem que fazer, é corrigir esse problema com a alta administração e fazê-los se comprometer com os princípios, além de, mostrar que precisam confiar nas equipes para fazer as coisas acontecerem.

2 – Entregue valor a todo instante

Conceito:

“Tudo o que não é entregue não ajuda ninguém a se tornar mais incrível ou seguro. Na agilidade moderna, nos perguntamos: “Como um trabalho valioso poderia ser entregue mais rapidamente?” A entrega de valor continuamente exige dividirmos grandes quantidades de valor em partes menores que podem ser entregues com segurança agora, e não depois.”

Na minha opinião, concentre-se no valor, não no número de histórias feitas ou nos pontos de história concluídos.

Pois, nesse ponto eu tenho vivência, já tive equipe que foi para a Review com algumas Stories sem estar Done, porém, o que eles apresentaram ao cliente gerou valor e fez muito sucesso.

Muitas empresas estão analisando pontos de história, velocidade e outras métricas.  Porém, o conceito de história, pontos de história, gráficos de burndown e velocidade não são mencionados no Guia do Scrum.

Assim, eu confesso que tive Burndown com linha de realização reta, e só queimava nos últimos dias de fim de sprint. Porém, o gráfico não representou a eficiência, eficácia e sucesso dessa equipe a cada Sprint Review. Afinal, entregamos valor constante no projeto.

Concentre-se na implantação contínua.

Em suma, apesar do Timebox, a equipe pode ir disponibilizando ao cliente versões que estiverem prontas sem precisar aguardar o Sprint Review, nisso também estou tendo vivência. 

A princípio, é fundamental, e a minha equipe faz, testes automatizados e implantação contínua. 

Outro ponto, é que, a primeira vista, o objetivo do sprint não poderia ser algo rígido. Afinal, o que acontece com o objetivo do sprint, ou com o sprint, quando algum feedback nos leva a outro caminho, resultando em pegar outros itens do que o inicialmente planejado?

Concluindo, é preciso parar para fletir sobre esse ponto.

3 – Experimente e aprenda rapidamente

Conceito:

“Você não pode tornar as pessoas incríveis ou tornar a segurança um pré-requisito se você não estiver aprendendo. Aprendemos rapidamente experimentando com frequência. Tornamos nossos experimentos “seguros para falhar”, por isso não temos medo de realizar mais experimentos. Quando ficamos presos ou não estamos aprendendo o suficiente, consideramos isso um sinal de que precisamos aprender mais realizando mais experiências.”

Dessa forma, experimente e entregue, obtenha feedback e aprenda continuamente. Bem como, faça seus itens menores, e entregue logo para que você receba feedback mais cedo.

Aqui no meu time, dentro da Sprint, não aguardamos o Sprint Review, assim que temos algo bacana de valor pronto, já fazemos a distribuição para os clientes. Com isso, garantimos mais rapidez no nosso aprendizado.

Além disso, também fazemos o Mínimo Produto Viável, para disponibilizar o mais rápido possível, a um percentual de público, para termos aprendizado, e ir fazendo melhorias ao longo das releases futuras.

4 – Faça as pessoas impressionantes

Conceito:

“Steve Jobs costumava perguntar a seus colegas: “Que benefícios incríveis podemos dar ao cliente? Onde podemos levar o cliente? “No ágil moderno, perguntamos como podemos tornar as pessoas em nosso ecossistema impressionantes. Isso inclui as pessoas que usam, fabricam, compram, vendem ou financiam nossos produtos ou serviços. Aprendemos seu contexto e pontos problemáticos, o que os retém e o que eles desejam alcançar. Como podemos torná-los incríveis?”

De acordo com, Joshua Kerievsky,  a entrega para o Product Owner é um conceito ultrapassado. Pois, os usuários precisam informar a você o que é feito, não o Product Owner. Os usuários quem determina se o recurso funciona para eles. Eu diria que isso pode ser alcançado com o Scrum. Basta adicioná-lo à definição de feito (DOD – Definition of DONE)!

Logo, para interação dos usuários ser incrível, faça com que eles façam parte da jornada. Assim, faça muitos testes de usabilidade e de guerrilha durante todo o projeto. 

Aqui nosso cliente vem de fato ao Sprint Review, e ouvimos as considerações deles, e não só do Product Owner. Dessa forma, todo o time colhe feedback com informações valiosas.

Conclusão, eu me considero dando uns passos em direção ao Moderno Agile. E você?

Fonte:

https://medium.com/serious-scrum/modern-agile-and-scrum-how-does-it-fit-c2c57cd67090
http://modernagile.org/


Informações sobre a autora: Jacqueline Viana é ScrumMaster na Concrete Solutions, e é apaixonada por agilidade.

Cofundadora Agile  Pink