Agilidade é compartilhamento

Um dos pilares do pensamento ágil é compartilhamento e a colaboração entre as pessoas, que deve estar presente em todas as esferas no ecossistema do negócio.

Sendo assim, equipes não são um aglutinamento de gente, como máquinas de uma fábrica, elas são uma unicidade. É quando um mais um somam três. E, compartilhar é a ação principal que dá suporte a isso.

Comportamento Retensivo (“Acumulador”):

Dessa forma, o velho comportamento retensivo, ainda bem presente nas organizações, não cabe mais nesse ambiente. Aquelas pessoas “donas do processo” que detêm o conhecimento estão com os dias contados.

De tal forma que a mentalidade de que somente elas sabem executar determinada atividade ou o funcionamento de alguma regra específica deve ser mudada. Quem tenta se salvar, baseando-se em esconder o que conhece, sem passar as informações a ninguém, não tem vez no mundo ágil.

Contudo os antigos “Donos do Sistema” costumam dizer: “Não mexa nisso, pois você não sabe, eu que projetei, eu que conheço, eu que mexo!”.

Esse comportamento é a tentativa de se garantir na posição, se fazer fundamental, insubstituível e, obviamente, de esconder suas fragilidades. Não compartilham o conhecimento, não ensinam os mais novos, não documentam. Se perguntados, dizem estar tudo em sua mente, que isso não é necessário.

Pois bem, sentimos muito, mas é preciso avisar que este comportamento está caindo.

Esse comportamento demostra:

  • Arrogância
  • Prepotência enormes,
  • Despreza-se o aparentemente mais fraco por não considerá-lo capaz. Ou, pior,
  • Despreza por medo do que ele pode vir a se transformar.

Isso resulta no bloqueio de um grande talento que, aliado ao conhecimento, poderia aflorar e levar a equipe inteira a um patamar muito maior.

Dessa forma, para esses tipos de profissional representa um grande perigo, pois o “novato” pode vir a se demonstrar muito melhor do que ele. Aliás, o objetivo deste comportamento é justamente este, abafar os que chegam para que se possa continuar na sua posição “soberana”.

No entanto, é esquecido, porém, que tudo é passageiro e que ninguém é insubstituível. Não é porque você guarda tudo para si que irá garantir o que tem. Quem guarda tudo no colchão, corre o risco de perder o valor investido.

Comportamento Colaborativo (“Compartilhador”):

Em contrapartida, existem pessoas que ainda se aproveitam da generosidade alheia. Mas isto não deve inibir um mindset “compartilhador”, pois quem está errado é ela.

Da mesma forma que o “acumulador” não se encaixa num ambiente ágil, o “espertinho” também não. Sua mente ainda é pequena, ele pensa que está “se dando bem”, mas, na verdade está preso, limitado.

De certo, o tempo e as mudanças irão cobrar isso dele, e ele não terá nada a oferecer. O tombo será muito mais feio.

Inegavelmente mantendo o foco naquilo que realmente deve ser, agimos pensando no coletivo. O que demonstra, na verdade, que a mudança aconteceu. É algo muito maior do que uma simples ação de compartilhar, que é consequência do início da transformação.

Contudo, na agilidade não há um dono de nada, seja do produto, do conhecimento, ou do bule de café. Tudo pertence a todos, vive-se em um ambiente colaborativo de fato. O conhecimento está ao alcance da coletividade, é compartilhado.

Analogamente, pode-se dizer que “Estou bem, se todos estiverem bem também”, esse é o pensamento por trás do sentido da colaboração, que ocorre de forma natural.

Enfim, não há mais espaço para a postura egoísta de retenção do que quer que seja.

Afinal, ninguém é mais uma ilha. Não é mais possível ter uma luz e esconder a vela embaixo do móvel. É preciso colocá-la no alto e dar visão a todos. Deixar que o brilho seja compartilhado, que esteja disponível a quem puder.


Flavia Nobre
Colaboradora
Informações sobre a autora:
Flavia Nobre é Analista de Negócio e vem aplicando práticas ágeis e 
seus conhecimento de Product Owner no seu contexto dia a dia.