Liderança Colaborativa : O fim do chefe herói.

Você já ouviu falar em Liderança Colaborativa? Provavelmente Já. Talvez não rotulada tão explicitamente, mas com certeza já ouviu falar em foco nas pessoas, maior colaboração, líder servidor, equipe auto gerenciável etc.
Também já deve ter conhecido alguns Chefes Heróis, aqueles que só sabem mandar, extremamente controladores e que sempre têm a solução de qualquer problema.

” Liderar é uma arte em constante evolução.”

Autor Desconhecido

Nos últimos anos podemos observar diversas mudanças nos modelos de gestão, principalmente por conta da tão falada transformação ágil. O conceito de líder e chefe estão cada vez mais definidos. Um Líder não é necessariamente um chefe e vice-versa. Um Líder, antes de tudo,  inspira! As pessoas seguem um líder porque acreditam e enxergam valor no que ele faz\fala. Um chefe, as vezes só inspira a gente a querer ir embora mais cedo e, infelizmente, ele ainda são a maioria por aí.

O que é Liderança Colaborativa  ?

Para ser bem direta, vou resumir assim:

Liderança Colaborativa é aquela que permite que todos os envolvidos sejam parte da solução. Ao invés de chega com a solução pronta, o líder colaborativo é aberto a discussões e a novas idéias.  Liderança colaborativa é o que um Agile Coach ou um Scrum master faz (ou ao menos deveria fazer), por exemplo pois nenhum dos dois papéis tem deve dizer ao o que os outros devem fazer, mas sim guia, facilitar a troca de idéias, promover uma solução em conjunto. E isso não se aplica somente a times ágeis, na verdade deveria ser aplicado em toda empresa.

Até agora eu conheci pouquíssimos líderes. Na maioria das vezes eu vi somente chefes que despejavam ordens e esperavam que os funcionários adivinhassem o que eles queriam. Estavam mais preocupados em brilhar no palco do que fazer com que o trabalho realmente funcionasse, porque a colaboração não é só permitir que os seus funcionários falem, essa é só a primeira parte da história.

O  Chefe Herói X O Líder Colaborativo

O chefe herói é aquele que sabe a solução para tudo! Afinal ele é o chefe. Ele expõe o problema, ele diz como quer que faça (nem todos! ) e quando ele quer o resultado. Ele não precisa de uma segunda opinião e normalmente ele nem está aberto a ouvi-la. Qual a reação natural? Os seus funcionários vão fazer o que deve ser feito. O que não significa, necessariamente, que seja o melhor a ser feito. Resumindo: Mesmo sabendo que talvez aquele trabalho não resulte em nada, vão fazer assim mesmo. O líder colaborativo expõe o objetivo a ser alcançado e junto com o seu time, ele vai descobreir se tem um problema real ou não! Aí você deve estar pensando: “Mas Carla, é claro que eu sei quando há um problema!” . E eu te devolvo a pergunta: “Sabe mesmo ?!”.

Vou contar um historinha camuflada para não identificar a empresa, mas uma vez eu estava trabalhando com um time que estava focado em arrumar um solução para um determinado problema trazido por um gerente. No meio da apresentação da solução para o Diretor, o próprio vira e fala: “Mas o seu problema não é esse. É outro.” . Após ouvir o que esse Diretor tinha a dizer, chagamos a conclusão que estávamos trabalhando em um problema que não existia e que precisávamos fazer algo muito mais simples para alcançarmos a solução desejada e que realmente teria valor para o cliente final.

Toda essa volta é para dizer que ficou bem claro a fala de comunicação tanto da diretoria com os seus gerentes, quanto da gerência com o restante do time.
Agora pensa comigo, se convertemos em dinheiro as horas de trabalho disperdiçadas, quanto uma empresa que segue esse padrão de liderança pode perder por mês?

“Não faz sentido contratar pessoas inteligente e dizer a eles o que fazer. Nós contratamos pessoas inteligentes para eles nos dizerem o que fazer. “

Steve Jobs

Características de um liderança Colaborativa

1- Busca diferentes opiniões, compartilha, escuta.

Mesmo que algo tenha sido feito da mesma forma a vida inteira, não é porque está funcionando que não pode ser melhorado. Se fosse assim o ser humano não teria evoluído tanto desde o tempo das cavernas. Mesmo que você não seja o “chefe”, nada impede que você fomente a discussão, a parceria, a troca de idéias. Seja a mudança que você quer ver na sua empresa! E com isso, você não só pode melhorar como profissional, mas também começara a criar uma nova cultura na empresa. Mudanças precisam começar por algum lugar, né?

2- Facilita a comunicação entre as camadas hierárquicas.

Essa parte é complicada. Mas não é impossível. No caso que eu citei acima, se em algumas das trezentas reuniões que tivemos na presença do diretor, ao invés do gerente ficar presentando uns power points cheios de números fakes para seduzir o Diretor, tivéssemos tido a oportunidade de realmente discutir as metas, os problemas e as soluções, talvez tivéssemos evitado o desperdício de tempo e desmotivação do time. Mas muitas empresas ainda têm cultura do “Bypass” , ou seja, você não pode falar sobre nada como o chefe do seu chefe. Não é para você pular em cima do/da VP da empresa e apresentar a sua proposta brilhante no elevador enquanto ele/ela tá indo almoçar. Mas a cultura de que o/a VP vai te morder e que você tem que abaixar a cabeça quando ele passa também é demais.

3- Trabalho com significado.

Quantas vezes eu já tive que desperdiçar meu tempo fazendo umas coisas sem o menos sentido porque “O chefe mandou”? Inúmeras! Dentre as principais estão as apresentações desnecessárias para encobrir a sujeira embaixo do tapete e uns relatórios loucos com umas métricas mais loucas ainda! Uma vez me pediram um relatório de projetos comparando a quantidade de Story points entregues em cada um. Eu tentei dizer que isso era conceitualmente MUITO errado.  Não adiantou e ainda consegui um bela “antipatia” dos idealizadores da ideia. Para não perder o emprego, eu fiz e isso ainda foi colado em todas as paredes com um farol de alerta (verde, vermelho, amarelo). Decisões foram tomadas em cima disso, times penalizados e outros gratificados. Erroneamente, claro.

4-Delega decisões.

Quando a gente fala de “equipe autogerenciável”, a gente fala de delegar de decisões também. Abrir mão do “comando e controle” é dividir com os outros a responsabilidade da tomada de decisão. Essa é a parte mais difícil, porque a partir desse momento todos se tornam responsáveis pelo sucesso e pelo fracasso também. Não tem mais espaço para Spotlight e nem para bode espiatório. Está todo mundo no mesmo barco.

Exise uma bibliografia extensa sobre o assunto e eu tentei, através das minhas experiências, explicar o que é liderança colaborativa. Dentre as fontes de inspiração que eu usei, tem um vídeo que me chamou muita atenção

O TED Talk da Lorna Davis, ex CEO da Danone na América do Norte : Um guia para a liderança corporativa.

É um vídeo curtinho, de aproximadamente 14 min, mas muito interessante. Aliás, fica a dica! TED Talks são ótimos! Eles mostram como a teoria pode ser aplicada na prática e os cases podem ser encontrados na internet facilmente.

E se alguém quiser conversar mais sobre liderança. agilidade, data science ou sobre largar tudo para morar em Paris, me procura lá no linkedin! 🙂

Cofundadora Carla BertrandInformações sobre a Autora:
Carla Bertrand é Data Scientist, Agilista, apaixonada por métodos ágeis, transformação digital e … dados.