Técnica de Facilitação: Seu time Scrum sai da planning sabendo o que deve ser feito?
Quando um time Scrum está em formação é muito comum encontrar pessoas dispersas, ainda mais se você está trabalhando com pessoas que não estão familiarizadas com o Scrum.
Como Scrum Master, faz parte do seu papel esclarecer todos esses pontos e moldar o time para ele atingir a tão desejada alta performance, mas no mundo real é bem provável que você tenha que construir seu helicóptero durante a queda mesmo. Então o melhor a fazer é garantir que que todos entenderam o que deve ser feito para atingir o objetivo da Sprint. E é esse o objetivo desse post!
Em um dos times que eu comecei a trabalhar, os perfis eram muito específicos, praticamente era uma pessoa para fazer cada coisa e, para tornar o desafio mais emocionante, alguns não queriam estar ali, o que me fazia ter que administrar impaciência e descontentamento.
Fazendo uma analogia com a construção civil, era como se tivéssemos uma pessoa para passar o cimento, outra para alisar, outra para lixar, outra para pintar e cada um não sabia o porquê do trabalho do outro. Então, o PO explicava a User Storys, os critérios de aceite, todo mundo dizia que havia entendido e duas horas depois alguém vinha me procurar para eu explicar o que era mesmo para ser feito.
Na primeira vez eu achei que era um caso em particular, mas isso começou a se repetir nas sprints seguidas. Chegou ao ponto de termos que fazer duas plannings no mesmo dia porque a primeira foi inutilizada. Ficou bem claro que haviam vários pontos a serem tratados com o Time (vamos precisar de vários posts para falar sobre isso), mas tínhamos que entregar, então como fazer para garantir que o Time tinha realmente entendido o que era para ser feito?
Entendeu? Então escreva.
Perguntar não adianta. Esperar para ver o que acontece durante a Sprint é praticamente um suicídio, então vamos aplicar a dinâmica proposta neste post:
Para começar:
O Backlog deve estar definido e priorizado pelo PO. As User Storys que estão no topo já devem ter sido refinadas com o time.
Atenção: Planning sem refinamento é sinônimo de improdutividade. Acreditem. E não é legal.
Como Funciona: Após o Time selecionar o que será feito e discutir como será feito, o Scrum Master define um time-box e pede que para cada US apresentada, cada integrante do Time de desenvolvimento escreva, em poucas palavras, o que deve ser feito em um post-it e o cole na parede.
Dica: Faça uma rodada por US. Fazer todas de uma só vez pode ficar confuso.
Quando todos terminarem, o Scrum Master lê os Post-its e se todos tiverem tido o mesmo entendimento, Ok. Caso contrário, voltamos para o entendimento da US.
Por que usá-la?
Tenho certeza de que muitos que estão lendo esse post devem estar achando isso totalmente desnecessário. Mas se você tem perfis muito diferenciados no seu time, a probabilidade de eles só focarem nas tarefas que lhes dizem respeito é enorme! E durante o desenvolvimento começarão a surgir dúvidas que podem até colocar a Sprint inteira em risco.
Um sintoma de falta de entendimento é quando só alguns questionam e outros ficam calados. Isso precisa ser mudado, mas Times ágeis não são formados da noite para o dia. Esse é um trabalho contínuo do Scrum Master.
Aconselho aplicar essa dinâmica na planning, porque sessões de refinamento costumam ser mais longas e pode acabar sendo cansativo. Mas fica ao seu critério avaliar o melhor momento para checar se o time está todo na “mesma página”.
Com o tempo, aplicar esse tipo de dinâmica deixar de ser necessário, mas sempre que achar que o time está dispersando, não pense duas vezes! Ao invés de perguntar se todos entenderam e ver apenas cabeças balançando, peça que escrevam o que entenderam. Entendeu? 😉
Informações sobre a autora: Carla Bertrand é Agile Coach, Apaixonada por transformação ágil, transformação digital, otimização de processos e Kanban.
Sim é uma boa técnica. Já é antigo a dica de professores para seus alunos: “escrevendo é que se aprende”. Se em matemática que tem fórmulas fixas jamais se aprende apenas lendo, então quem dirá uma sequência de atividades de um processo em que ainda teremos que criar “fórmulas” ou rotinas ou classes, abstraindo dados que por muitas vezes antes desconhecidos.
Olá, Ricardo! É isso aí! Em times que estão em formação, é sempre bom garantirmos o entendimento.
Obrigada pela participação e esperamos te ver mais vezes por aqui. 🙂
Adorei o post, Carla! Consegui ter uma visão bem clara do que acontece e da solução que deu. Lembrei da pirâmide de aprendizado que coloca o “fazer” como segundo ponto da base, que imclui a escrita dentre essas atividades! Escrever ajuda a organizar as ideias!
Que bom, Flávia! É trocando que a gente aprende e melhora cada vez mais. Se quiser colavoborar contando as suas experiências para a gente, sinta-se a vontade! 🙂