Systems Thinking

Neste artigo vamos entender o Systems Thinking através de um exemplo. Veremos como ele pode ser aplicado às iniciativas ligados a transformação ágil para obter melhores resultados. Bem como, perceberemos que os problemas comuns que assolam iniciativas ágeis, podem ser mapeadas pelo Systems Thinking para busca de uma solução eficaz.

Definitivamente, um dos maiores avanços na forma como entendemos e orientamos a mudança nas organizações é o Systems Thinking, e Peter Senge e seu livro The Fifth Discipline é o pensador de sistemas mais conhecido no campo do desenvolvimento organizacional.

Por que o Systems Thinking é importante?

Primeiramente, vivemos em um mundo orientado a eventos e nossa linguagem e ações estão fortemente enraizadas no nível do evento. Bem como, nossas decisões são principalmente guiadas por eventos. Esta imagem abaixo mostra um evento que resume o que pode dar errado se não estivermos cientes do sistema.

Dessa foma, quando nos concentramos na otimização local e ignoramos o impacto global, ou seja, não pensamos no sistema como um todo, nós criamos mais problemas para o futuro. Enfim, veja que cada pessoa chegou a uma conclusão diferente com base na parte do sistema em que pode tocar.

Por que não pensamos de forma sistêmica?

Em suma, o que não vemos é que na realidade, os eventos são os resultados de padrões mais profundos de comportamentos (sintomas do problema). Mas estes não são facilmente visíveis. Afinal, o que isso quer dizer?

Quer dizer que os problemas de hoje (EVENTOS) vêm das soluções de ontem (COMPORTAMENTO PADRÃO), portanto, estas soluções simplesmente mudam o problema de uma parte para a outra da ESTRUTURA SISTÊMICA.

O que é Systems Thinking?

Antes de mais nada, considera a organização como um sistema que consiste em partes interconectadas que juntas criam as características de todo o sistema. Logo, em vez de observar as partes separadas, o Systems Thinking adota uma visão holística para entender como as partes se encaixam. Afinal, partes do sistema afetam umas às outras. Definitivamente, isso significa que as relações de causa-efeito em um sistema são cíclicas e os resultados de um evento também podem ser a causa do evento.

Em síntese, é preciso entender o que é importante para o negócio, com base no sistema todo, para tomar melhores decisões. Ou seja, a melhor solução provavelmente vai exigir o exame da situação a partir de perspectivas além dos seus pontos de contato (EVENTO).

A aplicação de Systems Thinking e o ágil

Em conclusão, a ideia é nos ajudar a mapear o nosso envolto como um sistema e identificar os pontos de alavancagem certos para agir. Afinal, é olhar além do nosso umbigo. Você pode considerar como exemplo a gerencia que você trabalha, ou até mesmo a organização como um todo.

Um ponto de alavancagem é um ponto onde pequenas mudanças podem produzir grandes melhorias no sistema. À medida que vamos de eventos e padrões para estruturas sistêmicas, a alavancagem aumenta.

Devem ser considerados e realizados os seguintes pontos:

Ferramenta do Systems thinking: Diagrama de sistemas

Desenhar o diagrama de sistemas, e identifique o assunto central (EVENTO) que precisa de atenção.

Vou dar um exemplo simples para facilitar o entendimento.

Exemplo: início – imagina uma equipe de desenvolvimento. Esse time não automatiza os testes. Evento: O time não tem tempo para testar da forma como deveria.

Ferramenta do Systems thinking: Bússula

Com o time, idear sobre as diferentes variáveis que afetam o tema central (EVENTO) ou que são afetado por ele. Pode utilizar a ferramenta Bússila para identificar as questões por diferentes perspetivas.

Exemplo: continuação – A equipe analisou e identificou a causa: falta de tempo.

Ferramenta do Systems thinking: gráfico de comportamento

Achar os padrões e desenhar o gráfico para representar o comportamento de cada variável ao longo do tempo e obter informações. Podem incluir comportamento passado, atual e futuro.

Exemplo: continuação – A equipe analisa a causa: falta de tempo, e descobre que o comportamento padrão de trabalhar excessivamente é o problema de não realizar os testes .

Ferramentas do Systems thinking: diagrama do loop causal

Desenhe o diagrama do loop causal para capturar como as variáveis em um sistema são inter-relacionadas, usando vínculos de causa e efeito.

Exemplo: continuação – quando a equipe estuda as consequências da falta de testes, percebem que seu produto possui muitos bugs, o que causa o comportamento padrão de trabalho excessivo, que causa a falta de tempo, ou seja, o efeito de um problema também é uma causa para o problema.

Ferramentas do Systems thinking: arquétipo do sistema.

Desenhe o sistema para ajudar a reconhecer e gerenciar padrões comuns de comportamento desse sistema recorrentes da dinâmica organizacional. Atenção aos pontos de alavancagem→ uma área onde uma pequena mudança pode produzir grande melhoria no sistema.

Exemplo: continuação – o time desenha sua interação com as dependências externas (demais times, gerência, demais gerências etc) para identificar qual a sua relação com elas. Assim descobriu o que esta influenciando esse padrão de trabalho excessivo. O que acontece é que esse time não é o único nessa situação, os Product Owner dos times estavam inserindo mais itens de backlog do que a real capacidade dos times. Foi identificado que essa é uma orientação da gerencia com intuito de estimular o aumento da produtividade.

Ferramentas do Systems thinking: Dedução da escada

Enfim, no mundo veloz de hoje, estamos sempre sob pressão para agir agora, em vez de gastar tempo pensando nos fatos verdadeiros. Frequentemente, quando você aceita ou desafia as conclusões de outras pessoas, precisa ter certeza de que o raciocínio deles, e o seu, se baseia firmemente nos fatos verdadeiros. Logo, a “Escada de Inferência” ajuda você a conseguir isso, te ajuda a evitar pular para conclusões.

A Escada da Inferência descreve o processo de pensamento pelo qual passamos, geralmente sem perceber. A ideia é passar de um fato a uma decisão ou ação. Definitivamente, ao usar a essa ferramenta, você pode aprender a voltar aos fatos e usar suas crenças e experiências com efeitos positivos, em vez de permitir que eles restrinjam seu campo de julgamento. De antemão, perceba que seguir esse raciocínio passo a passo pode levar a melhores resultados, com base na realidade, evitando erros e conflitos desnecessários. Em conclusão, saiba que os pensadores de sistemas transformam, não reagem.

Exemplo: continuação – nessa etapa o time utiliza essa ferramenta para ter certeza que o argumento esta correto. Antes de desafiar as crenças da gerencia, é especialmente importante poder explicar o raciocínio, para que se possa expressa-lo de uma maneira que ajude a chegar a uma conclusão compartilhada e evitar conflitos.

Por fim, com argumentos sólidos, dados e fatos, o time foi a gerencia mostrar que a visão deles de produtividade está prejudicando vários times, acarretando para todos eles, muitos bugs por falta de tempo, e que muitos bugs esta causando falta de tempo para trabalhar com qualidade. Dessa forma, veja que se o time chegar a solução desejada, será um ponto de alavancagem na estrutura do sistema como um todo.

Referências:

https://www.knowledgehut.com/blog/agile/how-systems-thinking-can-be-applied-to-agile-transformations

https://www.infoq.com/br/articles/agile-anti-patterns-systems-thinking/

https://www.reaktor.com/blog/its-all-about-the-system-systems-thinking-and-scrum-2

https://www.mindtools.com/pages/article/newTMC_91.htm

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Informações sobre a autora: Jacqueline Viana é Scrum Master e é apaixonada por agilidade.

https://www.linkedin.com/in/jacqueline-mba-e-pmp